Desejos, Segredos e Cia...

Monday, March 13

Imperfeito amor...


Olho ao redor e o cenário para mim é intrigante e como também não dizer entristecedor...
Já se tornou normal e autêntico as pessoas estarem sozinhas, solteiras... como se entoassem, em coro, um grito infantil de independência.
Talvez seja por opção própria ou por ser mais fácil viver assim... não sei ao certo. Tenho comigo a idéia de que seja mesmo um misto dos dois. Parece que hoje ninguém quer ter trabalho ou investir tempo em um relacionamento - porque vou te dizer uma coisa, construir um relacionamento exige mesmo tempo e dá trabalho... e põe trabalho nisso! - Mas quer saber, quando olhamos para trás nos sentimos orgulhosos ao vermos que saímos vitoriosos... e já nem lembramos mais de quanto tempo investimos ou quanto trabalho tivemos. Descobrimos que vale mesmo a pena.
No dia-a-dia, na vida real, os amores não são fáceis e encantados como nos contos de fadas onde as mocinhas acorrentadas e indefesas aguardam serem salvas por seus másculos e corajosos príncipes. Todos os envolvidos, você e a pessoa escolhida para ser amada, são concretos, reais... cheios de defeitos mas também de qualidades.
Durante a adolescência sonhamos que o príncipe encantado chegará montado num cavalo branco. Ao atingirmos a maioridade diminuímos a exigência: o cavalo pode até ser pardo. E já adultas conscientes, admitimos que o cavalo nem seja mais necessário... ele foi transformado em um jegue.
À medida que o tempo passa enxergamos com maior amplitude e quanto maior o horizonte de possibilidades maior também as exigências que fazemos. Por não as alcançarmos, é mais fácil fazer com que nossas expectativas vivam acomodadas somente dentro de nossos corações. E por isso nos contentamos em viver sozinhos.
Ter opções para escolher já é difícil. E ter mais que uma opção faz nosso coração se confundir e se dividir para escolher. E realmente é difícil ter que escolher alguém a quem iremos dedicar todo nosso afeto. Todos nós, sem exceções, em algum momento, vamos participar deste leilão inevitável e insensato de amores... com direito a lei da oferta e demanda... umas vezes você procura, outras se oferece, e muitas, muitas vezes entra em promoção...
No mito do amor romântico o amor é todo poderoso e sempre vence a intransponível altura das torres, as madrastas malvadas, as maçãs envenenadas, os dragões furiosos... E aquele esperado beijo simboliza a finalização de todo este processo de busca, de sacrifício, de luta... metáfora do sonho humano... de um dia descansar finalmente nos braços de um eterno amor. Amor e paz. Mas a vida real... é mesmo real... sem fantasias... onde os príncipes e princesas não são tão belos e valentes, os cavalos não são tão brancos e os finais não são tão felizes e eternos assim.
O amor não existe assim tão estável. Ele só é possível mesmo quando entendemos sua precariedade. Somos uma mistura de qualidades e defeitos, belezas e feiúras, bondade e maldade, erros e acertos. O amor passa a ser real somente quando descobrimos o que nós e o outro temos de melhor e pior. Sem nos deixarmos cegar pelo que acreditamos ser verdadeiro ou possível numa projeção de nossas carências e idealizações.
Temos que enxergar o que existe e faz parte do nosso horizonte de possibilidades. E isso não é se contentar com qualquer coisa... mas sim enxergar, sem exageros, o que realmente existe e está mais próximo do que pensamos.
Acho mesmo que o príncipe encantado exista... mas para encontrá-lo é necessário tornar as expectativas mais reais, sem tantas fantasias. O amor da sua vida virá sim, com certeza... e provavelmente a pé... e não será tudo isso que você sempre sonhou. E você, a princesa... também não será assim tão perfeita e encantada... você bem sabe disso... E apesar de toda esta imperfeição, há grande possibilidade de serem felizes para sempre.
Então, sabe... temos mesmo que aprender a ser e aceitar... toda esta nossa forma imperfeita de existir...

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