Desejos, Segredos e Cia...

Monday, January 9

Jardim da vida...


“Na maior parte do tempo os sonhos se mostram maiores que a realidade e a realidade, por sua vez, não é nossa... não nos pertence inteiramente... Constantemente algo me causa uma sensação que não sei explicar... mas está ali... sei que existe... pois sinto! E me pergunto:
Como tornar real o que nem eu sei como explicar?
Como fazer acontecer o que nem eu sei como suportar?
Como ir adiante se parece ser tão insignificante?
Como escolher um momento se a hora já parece tão errada?
Sei que a dor às vezes poderá ser sempre maior se algo que não conseguimos suportar se tornar real... mas também sei que sem dor quase esquecemos o que é real... o que queremos, o que sentimos, o que vale a pena ou não... Sei que a inconsequência dos atos traz maior dor do que a completa sanidade. Mas me questiono... o tempo todo... porque tenho que ser tão sã se a vida é minha, quem sente sou eu e quem sofre também sou eu?
Sei lá... acho que é uma mistura de dúvidas e vontades... e não sei, na realidade, qual deve ser superada... nem sei se deve haver esta superação. Só sei que é dificil fazer escolhas... não gosto de fazê-las... tenho medo delas... e tenho medo também de não escolher... pois sei que depois, invariavelmente, o arrependimento se instala... Experiência própria...”


Escrevi esse texto há um tempo atrás... e hoje o encontrei ao mexer em coisas já deixadas de lado... Percebo agora que somos sempre uma caixinha de surpresas. Nos decepcionamos e nos surpreendemos a todo instante. Estamos sempre passando por momentos confusos e de uma forma ou de outra aprendendo... e ensinando...
Ninguém sai completamente ileso de nada nesta vida... mesmo que pareça que sim.
Ao olhar para trás tenho certeza que não deixaria de ter feito nada que já fiz... Hoje, poderia fazer de uma forma melhor ou diferente, mas mesmo assim... ainda faria. Sei agora que nenhum momento é igual a outro... nada se repete em sua totalidade... o que foi ontem não é mais hoje... e o que é hoje provavelmente não existirá mais amanhã. Mas penso que isso deve ser bom. Para o ciclo recomeçar... Para a vida não estacionar...
Descobri que para se ter uma vida cheia de jardins floridos, borboletas coloridas e perfumes inebriantes é necessário que exista longas, silenciosas e dolorosas metamorfoses.
Decidi que quero ser sempre como uma criança que ainda não descobriu a maioria das coisas... que ainda tem os olhos encantados e encantáveis... que ainda tem a capacidade de se assombrar ou se alegrar diante do banal. Os adultos de tanto vê-las já não as vêem mais... e tudo parece perder o sentido ou a importância.
A partir de agora vou deixar a minha porção criança ser maior e comandar a minha vida...
Que aconteça toda e qualquer necessária metamorfose... que me leve a enxergar os jardins floridos... com todas suas borboletas e seus perfumes...

"Pensar é produzir o vazio para que o ser aflore." (Octavio paz)

3 Sussurros:

  • At Tuesday, January 10, 2006, Anonymous Anonymous said…

    Por que ser tão sã se a própria vida não o é... Antes ver o mundo com os olhos de criança, pois para esta o mundo é um só: mágico. Nem são, nem louco, apenas mágico... Se isso não for possível, então resta protegermo-nos da insanidade com a nossa própria loucura...

     
  • At Friday, January 13, 2006, Anonymous Anonymous said…

    Sweet Bela literalmente você 'fode' meu cerebro. Volto sempre. Continua bem

     
  • At Thursday, February 16, 2006, Blogger Sweetlika said…

    Ro, me permito complementar... é a estranha e incompreensível mágica da loucura.
    E Voyeur que bom eu ter conseguido fazê-lo sentir através das minhas idéias e palavras. Volte sempre sim.
    Beijos.

     

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